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Scot Consultoria

O Brasil versus os outros exportadores de carne bovina


Quarta-feira, 21 de julho de 2010 - 14h52

Nos próximos anos o mundo demandará mais alimentos, principalmente carne. Essa é a visão divulgada em relatório da FAO (Organização das Nações Unidas Para Agricultura e Alimentação, sigla em inglês) e OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Os dados estimam um crescimento de 1,5% ao ano no consumo global de carne bovina. Para os países em desenvolvimento, o crescimento estimado é de 2,0% ao ano. Observe a figura 1. Nesse contexto, analisamos a situação de alguns importantes fornecedores mundiais de carne bovina (EUA, Austrália, Argentina, Uruguai e Brasil), de acordo com a participação de fêmeas no abate total e conjuntura do país. Participação de fêmeas no abate Um indicador importante é a participação de fêmeas no abate total. Esta participação de fêmeas, quando elevada, indica que a atividade não está atraente, entre outros fatores, por excesso de produção e, em conseqüência, por preços baixos. Veja como está a participação de fêmeas no abate em importantes fornecedores de carne para o comércio global. Observe a figura 2. Consideramos a participação de vacas e novilhas no abate total. Não consideramos os bezerros (vitelos). Para o Brasil, como o abate de novilhos e novilhas não é identificado por sexo, consideramos que a participação de fêmeas foi de 50% nos abates destas categorias. Para verificar o impacto de um aumento da parcela de novilhas nesse montante, simulamos a participação de 50% em 2005 e extrapolamos para 100% em 2009. A conclusão foi que mesmo nesta condição, a parcela das fêmeas no abate total cresce pouco no intervalo 2005–2009, registrando alta de 0,8%. Na prática, estimamos que a participação de novilhas dentro da categoria novilhos/novilhas tenha caído nos últimos anos, em virtude de 2006 ter sido o vale de preços do último ciclo pecuário, o que ocasionou um intenso abate de fêmeas. De fato, sem considerar a variação das novilhas, a participação de fêmeas no abate de bovinos caiu. Caiu de quase 45% em 2005, para 38% em 2009. Uma retração de 14,8%. Fato positivo para o Brasil, uma vez que todos os outros países analisados estão em processo crescente de abate de fêmeas. Dito isso, vamos a uma rápida análise de cada um destes países. Uruguai O Uruguai detém a maior participação de fêmeas no abate de bovinos dentre os países analisados. A parcela de fêmeas no abate passou de 46% em 2005 para 53% em 2009. Esse quadro retrata os efeitos da forte seca que atingiu o país em 2009, associada à queda de 54,4% no preço do gado, em valores nominais, durante o segundo semestre de 2008. Para comparação, o boi gordo no Brasil caiu, neste período de crise, 17,9%. Ainda que a cotação do boi uruguaio, em dólares, tenha subido 25,6% no primeiro semestre de 2010, a queda acumulada desde agosto de 2008 é de 23,8%. A indústria de carne do país espera uma redução da oferta de animais em 2011, o que deve impactar negativamente as exportações. Austrália A seca dos últimos anos na Austrália resultou no descarte forçado de animais e redução do rebanho bovino. A participação de fêmeas no abate do país passou de 44% em 2005 para 49% em 2009. Argentina A Argentina sofreu influência negativa de sua política econômica. Há crise na relação entre o governo e os pecuaristas e restrições às exportações, o que desestimula a produção. A participação de fêmeas no abate saltou de 43% em 2005 para 50% em 2009. Estados Unidos Por fim, os maiores produtores de carne bovina do mundo. A parcela de fêmeas no abate passou de 42% em 2005 para 44% em 2009. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) estima que o rebanho bovino e a produção de carne só devem se recuperar em 2013, devido à baixa no rebanho de fêmeas e produção de bezerros. Conclusões A conjuntura da bovinocultura nos países analisados favorece o Brasil no que diz respeito à capacidade de produção e comercialização internacional de carne, em médio prazo. Espera-se, com isso, que a exportação brasileira de carne bovina seja favorecida nos próximos anos.
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